27 de janeiro de 2015

A importância da bíblia para Doutrina espírita

A Importância da Bíblia para a Doutrina Espírita Astrid Sayegh Filósofa, é Diretora de Cursos Básicos da Federação Espírita do Estado de São Paulo A Humanidade já foi contemplada com três revelações. A primeira, quando da vinda de Moisés. Nela, o monoteísmo tomou forma e Deus foi apresentado como o único Deus verdadeiro, em oposição ao politeísmo. Na segunda, quando do advento de Jesus Cristo, foi Deus apresentado como Pai de infinita misericórdia e amor, substituindo o Jeová dos Exércitos, temível e justiceiro. A terceira revelação surge com o advento do Espiritismo, cuja finalidade básica é restabelecer em princípios as primícias dos ensinamentos de Jesus Cristo. A História conta que, no decorrer dos séculos que sucederam o advento do Cristo, houve numerosas tentativas no sentido de comprovar a realidade dos Espíritos e sua manifestação no plano material. É inegável que algumas chegaram a ser revelada. Contudo, com maior amplitude, isso se tornou possível apenas no século 19, quando os homens estavam mais preparados para uma nova revelação. Um sopro de vida nova parecia agitar o planeta nesse momento de efervescência intelectual, onde as ciências tomavam grande impulso, onde tudo era revelado à luz natural da razão. Surge assim a Doutrina Espírita, marcando a passagem das religiões formais para uma filosofia racionalista. Trata-se, portanto, não de uma negação do passado histórico, mas constitui antes uma síntese dialética de todo o processo da história do pensamento, colimando sempre uma busca de racionalização das concepções fideístas dogmáticas. Seu esforço, portanto, consiste em trazer a religião do domínio mítico para o plano cultural. Pode-se afiançar que os primeiros precursores do Espiritismo foram os famosos médiuns Emmanuel Swedenborg e Andrew Jackson Davis. Muitos fenômenos marcaram o início da Doutrina Espírita, atraindo a atenção de numerosos sábios de renome mundial. Surgiu, então, no cenário do mundo a figura exponencial de Allan Kardec que buscou estudar e fundamentar cientificamente esses fenômenos, assim como organizar de forma sistemática e metódica os ensinamentos revelados pelos Espíritos. Conseguiu assim lançar o arcabouço de uma nova doutrina, dando à publicidade O Livro dos Espíritos, em 1857, contendo os fundamentos filosóficos da Doutrina. Em seguida publicou O Livro dos Médiuns, em 1861, contendo a parte científica das relações do plano espiritual com o mundo material, e por último O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1864, contendo a parte religiosa e essencial da Doutrina. É assim que a Doutrina Espírita possui um aspecto tríplice. Ela consiste em uma Ciência que tem por objeto os fenômenos; uma Filosofia que tem por objeto as causas primárias do Universo, a natureza dos Espíritos e as Leis Morais; e em uma Religião que tem por objeto resgatar a essência dos ensinamentos cristãos. Sob esse aspecto o Espiritismo diferencia-se das demais religiões, pelo fato de não possuir nenhuma formalidade ou culto exterior, mas a religiosidade deve dar-se na intimidade do próprio indivíduo, através da prece e da doação de si. O que interessa não é a exterioridade dos ritos e do culto convencional, por vezes precários, mas sim o pensamento e o sentimento do homem. Há uma seqüência histórica que não se pode esquecer ao tomar a Bíblia nas mãos. Quando o mundo se preparava para sair do caos das civilizações primitivas, surgiu Moisés, como o condutor de um povo destinado a traçar as linhas de um novo mundo, e de suas mãos surgiu a Bíblia. Não foi Moisés quem a escreveu, mas foi ele o motivo central dessa primeira codificação do novo ciclo de revelações: o cristão. Mais tarde, quando a influência bíblica já havia modelado um povo, e quando esse povo já se dispersava por todo o mundo gentio espalhando a nova lei, apareceu Jesus e, de suas palavras, recolhidas pelos discípulos, surgiu o Evangelho. A Bíblia é a codificação da primeira revelação, o código hebraico em que se fundiram os princípios sagrados e as grandes lendas religiosas dos povos antigos. É a grande síntese dos esforços da antiguidade em direção ao espírito. O Evangelho é a codificação da segunda revelação, a que brilha do centro da tríade dessas revelações, tendo na figura de Cristo o sol que lança sua luz sobre o passado e o futuro. Mas assim como na Bíblia (Antigo Testamento), já se anunciava o Evangelho, também neste aparecia a predição de um novo código, o do Espírito da Verdade: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores de acordo com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho. Enganam-se os que pensam que a codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo são abordados textos desde os decálogos de Moisés e essencialmente os ensinamentos de Jesus em sua maioria até as cartas de Paulo, de forma didática e esclarecedora. São estudadas as Leis Morais tratando-se especificamente da aplicação dos princípios da moral evangélica, bem como das questões religiosas acerca da adoração, da prece e da prática da caridade. Nessa parte o leitor encontrará inclusive as primeiras formas de instruções dos Espíritos, com a transcrição de comunicações por extenso e assinadas, sobre questões evangélicas. Assim sendo, o Espiritismo tem como base as escrituras, tem seus fundamentos na Bíblia. A essência de sua doutrina é o Evangelho, a religiosidade. Trata-se, portanto, de uma religião positiva, baseada nas leis naturais, destituída de aparatos misteriosos e de conotação mítica ou mística. Trata-se, ainda, de uma religião dinâmica, pois coloca a prática da caridade acima de qualquer virtude (I Cor 13:1). Sem dúvida, a prática da caridade guarda íntima relação com os princípios universais de Jesus Cristo, ao sintetizar o Decálogo neste mandamento maior: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22:34). Ser cristão não é um rótulo, mas uma vivência (Mt 7:21), é imprescindível que o homem se revele pelas suas obras: a fé sem obras é morta. Com relação à fenomenologia mediúnica, a Doutrina Espírita não aceita o milagre ou o sobrenatural, mas explica tudo à luz da naturalidade. O ministério dos anjos, esse ministério divino, a que o Apóstolo Paulo se referiu tantas vezes, é exercido através da mediunidade. A própria Bíblia nos relata uma infinidade de comunicações mediúnicas. Veja-se as palavras do Rei Samuel, em Provérbios 31:1-9, que, segundo o texto bíblico são "a profecia com que lhe ensinou sua mãe". Temos ali uma comunicação espírita integralmente reproduzida na Bíblia. É importante distinguir o fato de que os estudos bíblicos se processam em duas direções diversas: há o estudo normativo das instituições religiosas, legados a várias igrejas e que seguem as regras da hermenêutica; há o estudo livre dos institutos universitários independentes, que seguem os princípios da pesquisa científica e da interpretação histórica. O Espiritismo não se prende a nenhum dos dois sistemas, pois sua posição é intermediária. Reconhecendo o conteúdo espiritual da Bíblia, o Espiritismo estuda à luz dos seus princípios em harmonia com os métodos da antropologia natural e dos estudos históricos. Segundo afirmação de Jesus em João, capítulo 10 "eu e o Pai somos um". Desta forma todos os homens possuem uma unidade essencial. Daí a importância de viver uma religião unitária em essência e verdade - o ecumenismo - apesar da variedade das formas em que se expressam. Fim

Estudos biblicos

Estudos Bíblicos O que é a Bíblia? Índice Introdução Considerações Gerais / 02 Origem de alguns termos importantes utilizados / 03 Estrutura da Bíblia / 04 História / 05 As traduções - Septuaginta: Versão dos Setenta / 08 Vulgata Latina / 09 A Bíblia em Português / 10 Traduções parciais Traduções completas A Bíblia no Brasil / 12 Traduções parciais Traduções completas Antigo Testamento / 14 História do povo hebreu - Personagens mais importantes / 15 Bibliografia / 19 Introdução Considerações Gerais A Bíblia é o livro que mais influência exerceu e tem exercido em toda a história da Humanidade. É o mais importante compêndio de que o homem dispõe para compreender sua história e o plano divino do Criador para com suas criaturas. Por não entender o valor dessa obra e tudo o que ela representa, o homem tem trilhado caminhos tortuosos em busca de filosofias de vida. Geralmente, doutrinas que não se sustentam no tempo, porque não são alicerçadas na Verdade. As Escrituras Sagradas têm este nome por conterem os escritos da Lei de Deus, trazidos ao mundo em diversas épocas, de acordo com o nível de compreensão dos seres humanos. Por ignorância, ao longo dos séculos, foi tida como obra absoluta e incontestável do Pai. Faltou aos seus filhos a maturidade suficiente, e conhecimentos que pudessem ajudá-los a separar desses ensinamentos, as instruções divinas dos eventos meramente humanos nas narrativas. A Bíblia pode ser considerada uma coleção de livros reunidos em um grande volume. Mas não é como qualquer outro livro, pois os ensinos contidos nele transcendem e posicionam-se acima de qualquer outro existente no mundo. É considerada sagrada porque seu conteúdo propõe-se a tornar os homens puros, santos, livres de seus erros. Origem de alguns termos importantes utilizados Bíblia - A palavra bíblia vem do grego biblos, que era a casca de um papiro do século XI a.C., utilizado para anotar os escritos. A palavra latina Bíblia, no entanto, só foi utilizada depois do século II d.C. Testamento Palavra traduzida por aliança. É a tradução de palavras hebraicas e gregas que significam pacto ou acordo celebrado entre duas partes. Antigo Testamento - Aliança entre Deus e seu povo (os judeus), iniciado com o patriarca Abraão e simbolizada pela circuncisão. Foi escrito pela comunidade judaica e por ela preservado por um milênio ou mais antes da era de Jesus. Novo Testamento - A nova aliança entre Deus e os cristãos e que se estenderá por toda a Humanidade, simbolizada pela vinda de Jesus, o Cristo e o cumprimento de sua promessa de transformar a Terra no Reino de Deus. Foi composto pelos discípulos de Jesus, ao longo do século I d.C. Estrutura da Bíblia A Bíblia é um conjunto de livros considerados sacros, que se divide em Velho e Novo Testamento. Estudiosos das Escrituras afirmam que se trata de uma história ligada estritamente ao povo hebreu. Mas, existem diversos trechos dos textos antigos, principalmente no Novo Testamento, nos quais o Espírito Divino dirige-se à humanidade como um todo, procurando orientá-la moralmente e dizendo-lhe que haverá um tempo em que a luz divina estará presente em todo o planeta, trazendo uma época de prosperidade a todas as gentes. O estudioso cristão deve estudar as Escrituras, procurando conhecê-la em profundidade, pois ela o ajudará a compreender o sentido da existência do homem e as dificuldades da implantação dos ideais cristãos na face do planeta. História O Antigo Testamento contém a história do povo hebreu e foi escrito durante um período de mais de mil anos, até aproximadamente o final do século III a.C. O processo de criação foi complexo porque grande parte do material já era recitado ou cantado bem antes de ter sido escrito. Todo o texto foi codificado em hebraico, com exceção de alguns capítulos dos livros de Daniel e Esdras e algumas palavras no Gênesis e Jeremias, onde se empregou o aramaico, língua muito semelhante ao hebraico. Como tesouro cultural, o Antigo Testamento é uma das fontes mais importantes que temos para o conhecimento do passado. Outras civilizações, como a egípcia e a babilônica, produziram também seus escritos religiosos e históricos, mas apenas os hebreus os reuniram em uma antologia sagrada. O resultado foi um épico religioso tão respeitado, que atravessou séculos e chegou aos nossos dias ainda sendo estudado e analisado por religiosos, historiadores e estudiosos do pensamento humano. O cânon do Antigo Testamento se completou por volta de 400 a. C. Ficou conhecido como "a Lei e os Profetas", por conter os cinco livros de Moisés e os dezessete profetas que sucederam a ele. A sucessão dos profetas encerrou-se com Malaquias. Os chamados "Escritos" surgiram no período intertestamentário e foram incluídos no texto bíblico por ocasião da tradução grega. O cânon do Novo Testamento foi formado de maneira diferente, visto que não se tratava de uma mensagem restrita a um povo, mas a toda a humanidade. Logo no primeiro século os escritos foram sendo reproduzidos e a prática de ler em voz alta nas reuniões, facilitou ao povo a assimilação dos ensinos e o reconhecimento da história de Jesus. Desde o início os primeiros cristãos coligiram e preservaram os livros inspirados do Novo Testamento. Tais livros sem dúvida alguma foram copiados e circularam entre as igrejas primitivas. No entanto, há evidências de que no seio dos núcleos do século I havia um processo seletivo em operação. Toda e qualquer palavra a respeito do Cristo, fosse oral ou escrita, era submetida ao ensino apostólico, dotado de toda autoridade. Se tal palavra ou obra não pudesse ser comprovada pelas testemunhas oculares era rejeitada. Assim o cânon vivo dessas testemunhas tornou-se o critério mediante o qual os escritos canônicos primitivos vieram a ser reconhecidos, pois eram os ensinos dos apóstolos. Santo Agostinho foi quem traduziu com precisão o sentido unificador dos dois documentos nas seguintes palavras: "O Novo Testamento acha-se velado no Antigo Testamento e o Antigo, revelado no Novo". A Bíblia tem o Cristo, ou seja, a mensagem de Deus aos homens, como centro e razão dos escritos sagrados. Divide-se a Bíblia em 8 partes: Antigo Testamento: - Lei Fundamento da chegada de Cristo - História Preparação para a chegada de Cristo - Poesia Anelo para a chegada de Cristo - Profecia Certeza da chegada de Cristo Novo Testamento: - Evangelhos Manifestação de Cristo - Atos Propagação de Cristo - Epístolas Interpretação e aplicação de Cristo - Apocalipse Consumação em Cristo A Bíblia divide-se em oito seções, sendo quatro do Antigo e quatro do Novo Testamento: Antigo Testamento: A Lei - 5 livros de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio) História - 12 livros (Josué, Juízes, Rute, Samuel, Reis, Crônicas, Esdras, Neemias, Ester) Poesia - 5 livros (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos) Profetas - Maiores (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel) e Menores (Oséas, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias) Novo Testamento: Evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João História - Atos dos Apóstolos Doutrina (Cartas e Epístolas) - Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses, 1Timóteo, 2Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2Pedro, 1João, 2João, 3João, Judas. Profecias - Apocalipse As traduções - Septuaginta: Versão dos Setenta Foi a primeira tradução dos escritos do Antigo Testamento hebraico para o grego, produzida em Alexandria, no século III a.C., a pedido de um dos reis macedônicos do Antigo Egito, Ptolomeu II Filadelfo. Durante o seu reinado, os judeus receberam privilégios políticos e religiosos totais. Também foi durante esse tempo que o Egito passou por um grande programa cultural e educacional, sob o patrocínio de Arsínoe, esposa e irmã de Ptolomeu II. Nesse programa inclui-se a fundação do museu de Alexandria e a tradução das grandes obras para o grego. A Septuaginta tomou esse nome pelo fato de ter sido realizada por 70 anciões, trazidos de Jerusalém exclusivamente para a tarefa. Foi rechaçada pelos judeus ortodoxos, numa atitude semelhante ao católicos da Idade Média, diante do reformador protestante Martim Lutero, que traduziu a Bíblia para o alemão, tornando-a acessível ao povo. A idéia era a mesma: Ampliar o conhecimento do Antigo Testamento para a língua grega, para atingir outros judeus alexandrinos, mas os radicais viram este trabalho como uma profanação. A Septuaginta incluía não apenas o cânon hebraico, mas também outras obras judaicas, em sua maior parte escritas nos séculos II e I a.C., em hebraico, aramaico e grego. Esses escritos, mais tarde, vieram a ser conhecidos como os Apócrifos, palavra grega que significa oculto ou ilegítimo. Os judeus consideravam esses livros como não inspirados. Os denominados Apócrifos são 15 livros judaicos, surgidos no período intertestamentário. São eles: 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesiastes, Baruc, Epístola de Jeremias, Prece de Azarias e Cântico dos Três Jovens, Suzana, Bel e o Dragão, A Prece de Manassés, 1 e 2 Macabeus. A Septuaginta serviu de fundo às traduções para o latim a para as outras línguas. Tornou-se também uma espécie de ponte religiosa colocada sobre o abismo existente entre os judeus (de língua hebraica) e os demais povos (de língua grega). O Antigo Testamento da LXX foi o texto utilizado em geral na primitiva igreja cristã. Vulgata Latina Esta é a tradução dos escritos do Antigo e do Novo Testamento para ao latim, realizada por Sofrônio Eusébio Jerônimo (São Jerônimo), no século IV d.C, a pedido de Dâmaso, bispo de Roma. Depois da Septuaginta, foi a primeira vez que os escritos foram ordenados de forma a tomar um corpo de doutrina. Foi o mais importante trabalho de codificação dos Escritos Sagrados, pois é o que se utiliza até hoje como detentor de autenticidade e credibilidade. Na época havia numerosos textos que compunham o Novo Testamento, também chamado Antiga Latina, que apareceram ao redor da segunda metade do século IV e que induziram os cristãos a uma situação religiosa intolerável, o que levou o bispo de Roma (366-384) a providenciar a revisão. O resultado desse grande esforço chama-se Vulgata Latina. A tradução de Jerônimo sofreu muitas críticas e ataques dos ortodoxos, principalmente de Santo Agostinho, um dos Pais da Igreja, que só mais tarde reconheceu o valor do documento. São Jerônimo passou 38 anos de sua vida dedicados ao exame das Escrituras Sagradas. Nos séculos seguintes, a Vulgata passou a ser a edição predominante da Bíblia e assim foi por toda a Idade Média. Também serviu de base para a maioria dos tradutores da Bíblia, anteriores ao século XIX. A Bíblia em Português Traduções parciais A primeira tradução dos escritos para a língua portuguesa foi realizada por D. Diniz, rei de Portugal (1279 1325). Grande conhecedor do latim clássico e leitor da Vulgata Latina, o rei resolveu traduzir as Sagradas Escrituras para o português. Porém, faltou-lhe perseverança e só conseguiu traduzir os vinte primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto, esse esforço o coloca em posição de destaque, historicamente, pois foi um dos primeiros tradutores dos escritos para outros idiomas, antecedendo inclusive a John Wycliffe, que só em 1380 traduziu as Escrituras para o inglês. D. João I (1325 1433) fez vários padres traduzir da Vulgata, Os Evangelhos, os Atos e as Epístolas de Paulo. Ele mesmo traduziu o livros de Salmos, que foi reunido aos livros do Novo Testamento, traduzidos pelos padres. Os livros eram produzidos em forma manuscrita fazendo-se uso de folhas de pergaminho, o que tornava sua circulação extremamente reduzida e cara. Outras figuras da monarquia de Portugal realizaram traduções parciais da Bíblia. A infanta d. Filipa, neta do rei d. João I, traduziu os Evangelhos do francês. No século XV, surgiu em Lisboa o Evangelho de Mateus e trechos de outros evangelistas, trabalho realizado por frei Bernardo de Alcobaça, que pertenceu à grande escola de tradutores portugueses da Real Abadia de Alcobaça. A primeira tradução mais harmônica dos Evangelhos em língua portuguesa, foi preparada em 1495 pelo cronista Valetim Fernandes e intitulou-se De Vita Christi. Todas essas obras sofreram, ao longo dos séculos, implacável perseguição da Igreja Católica, que amaldiçoou todos os que conservassem consigo traduções bíblicas em "idioma vulgar". Traduções completas João Ferreira de Almeida - Coube a esse homem a tarefa de traduzir para o idioma português, pela primeira vez, o Velho e o Novo Testamento. Nascido em 1628, em Portugal (Torres de Tavares), mudou-se para a Ásia aos 12 anos. Após 2 anos na ilha de Java, Indonésia, Almeida mudou-se para Málaca, na Malásia e lá converteu-se do catolicismo à fé evangélica. No ano seguinte, começou a pregar o Evangelho no Ceilão (hoje Sri Lanka). Ainda não tinha 17 anos, quando iniciou o seu trabalho de tradução da Bíblia para o português, mas perdeu seu manuscrito, reiniciando apenas aos 20 anos. Conhecedor do hebraico e do grego, realizou seu trabalho utilizando, além da Vulgata Latina, o Textus receptus do grupo bizantino e as traduções holandesa, francesa e espanhola. Em 1676 concluiu a tradução de O Novo Testamento, que só surgiu mais tarde, em 1681. Traduziu o Antigo Testamento até Ezequiel, mas faleceu em 1691. Quem prosseguiu com o seu trabalho, bem mais tarde, foi o pastor Jacobus op den Akker, da Batávia. Em 1753, surgiu a primeira Bíblia completa em português, em 2 volumes, concluindo, assim o trabalho de João Ferreira de Almeida. Antônio Pereira Figueiredo - Foi um padre, nascido em 1725 em Tomar, Portugal. Traduziu exclusivamente da Vulgata Latina todo o Antigo e Novo Testamento, levando 18 anos nessa tarefa. Em 1819 veio à luz, a Bíblia completa de Figueiredo em 7 volumes, e em 1821 ela foi publicada pela primeira vez em um só volume. Figueiredo inclui em sua tradução os livros apócrifos, que o Concílio de Trento havia acrescentado aos livros canônicos em 1546. A Bíblia no Brasil Traduções parciais Frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré - Em 1847, publicou em São Luís do Maranhão, o Novo Testamento traduzido da Vulgata. Esse foi, portanto, o primeiro texto bíblico traduzido no Brasil. Essa tradução ficou famosa por trazer em seu prefácio pesadas acusações contra as Bíblias protestantes que, segundo os acusadores, estariam falsificadas. A Sociedade de Literatura Religiosa e Moral do Rio de Janeiro Publicou em 1879, A Primeira edição brasileira do Novo Testamento de Almeida. Huberto Rohden Foi padre e o primeiro católico a traduzir no Brasil o Novo Testamento diretamente do grego, em 1930. Por estar baseada em textos considerados inferiores, o trabalho de Rohden sofreu severas críticas. Traduções completas Sociedades Bíblicas - Em 1917, as sociedades bíblicas publicaram um trabalho conhecido com Tradução brasileira, tradução feita por especialistas nas línguas originais, dentre eles o gramático Eduardo Carlos Pereira. Padre Matos Soares - Realizou a tradução mais popular e completa da Bíblia no Brasil, em 1930. Baseada na Vulgata, essa obra possui notas defendendo os dogmas da Igreja Romana, sendo, por esse motivo, muito apreciada entre os católicos. Recebeu apoio papal em 1932. Sociedade Bíblica Trinitariana - Em 1969, em São Paulo, foi fundada a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, com o objetivo de revisar e publicar a Bíblia de João Ferreira de Almeida como a Edição corrigida e revisada, fiel ao texto original. Em 1948, a Sociedade Bíblica do Brasil fez duas revisões no texto de Almeida: uma mais aprofundada que deu origem à Edição revista e atualizada no Brasil e uma menos aprofundada que conservou o nome de Corrigida. Imprensa Bíblica Brasileira - Em 1967, a Imprensa Bíblica Brasileira publicou a sua Edição revisada de Almeida. Em 1988, a Sociedade Bíblica do Brasil traduziu e publicou A Bíblia na linguagem de hoje. Em 1990 a Editora Vida publicou a sua Edição contemporânea da Bíblia de Almeida. Outros - São também dignas de referência, a Bíblia de Jerusalém, traduzida pela Escola Bíblica de Jerusalém e a Edição integral da Bíblia, trabalho de diversos tradutores, editado pela Editora Vozes. Antigo Testamento O Antigo Testamento contém a história do povo hebreu. Seus escritos foram compostos durante um período de mais de mil anos, até aproximadamente o final do século III a.C. Outras civilizações, como a egípcia e a babilônica, produziram também seus escritos religiosos e históricos, mas apenas os hebreus os reuniram em uma antologia sagrada. O resultado foi um épico religioso tão respeitado, que atravessou séculos e chegou aos nossos dias ainda sendo estudado e analisado por religiosos, historiadores e estudiosos do pensamento humano. Estudaremos, neste texto, apenas os personagens que julgamos mais importantes para se compreender a evolução do pensamento divino entre os homens, desde Abraão até Moisés, e de Moisés a Jesus. O conhecimento da história do povo hebreu é de fundamental importância para se compreender a história do cristianismo e sua evolução. História do povo hebreu - Personagens mais importantes A Criação e o Dilúvio * Adão e Eva => Sete => Enos (início da evocação do nome do Senhor) => Noé (muitas gerações depois) => Sem => Terá => Abraão Os patriarcas: Abraão, Isaac e Jacó (1800 1700 a.C) Abraão Na genealogia de Abraão é importante saber que é da linhagem de Sem, descendente de Noé, que por sua vez descende de Enos, filho de Sete, filho de Adão e Eva, casal que a Bíblia trata alegoricamente como sendo responsável pelo povoamento do planeta (raça adâmica). Primeiro patriarca e o fundador do povo hebreu, Abraão marca a transição para o início da existência dos hebreus como povo e o seu direito divino à terra de Israel. Simboliza a rotura definitiva com a idolatria pagã e o compromisso com o monoteísmo. Nas tradições judaicas e cristãs ele aparece como uma figura paterna, digno, humano e firme em sua fé. - Esposa oficial- Sara Filho: Isaac, que deu origem ao povo Judeu. - Ágar, a serva Filho: Ismael, que deu origem ao povo Árabe. Prova: Deus pede a Abraão que sacrifique Isaac, seu amado filho com Sara. O sacrifício é suspenso e Abraão compreende que estava sendo testado. Dá exemplo de fé e temor a Deus. Isaac - Esposa: Rebeca - Filhos: Esaú e Jacó - Irmãos gêmeos, porém Esaú veio primeiro e era o preferido de Isaac. Jacó era o preferido de Rebeca. Os dois (mãe e filho) enganaram Isaac velho e doente, que deu sua bênção e a tutela da família para Jacó, gerando o ódio de Esaú. Bem mais tarde, Esaú vai ao encontro de Isaac e perdoa seu irmão, num gesto de dignidade. Prova: Desentendimento entre irmãos por causa da primogenitura, porém houve reconciliação mais tarde. Jacó - Esposas: Lia e Raquel Filhos de Lia: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulon (e Dina). Filhos de Raquel: José e Benjamim Filhos de Bala, serva de Raquel: Dã e Naftali Filhos de Zelfa, serva de Lia: Gade e Asser - Aos doze filhos de Jacó deram origem às Doze tribos de Israel, nome dado mais tarde a Jacó, por ter "lutado" com um anjo que ele julgou ser o Senhor. Os doze filhos foram abençoados pelo pai no leito de morte, primeira alusão histórica às 12 tribos. - Jacó herdou de Abraão e Isaac a íntima comunicação com Deus e a promessa de que Canaã pertenceria à sua descendência. Rejeitou as imagens domésticas e amuletos, ainda utilizados até então. José (1700 1250 a. C) Os israelitas no Egito - Por ser preferido por seu pai Jacó, despertava ciúmes em seus irmãos. Foi vendido por eles, para uma caravana que o levou para o Egito. Lá, com seus dons espirituais e sabedoria, terminou como o segundo homem com poder no Estado. Seus irmãos, mais tarde foram recebidos por ele e perdoados por seus erros. Jacó e toda a sua família se estabeleceu como um clã pastoril na terra de Gessen, na região nordeste do delta do Nilo. Ali seus descendentes viveram e prosperaram durante 4 séculos. - A importância de José está em ter levado a idéia do Deus único para o Egito, ter salvo sua família da fome e sede depois de ter sido maltratado por eles, ter vivido com sabedoria e bondade e fé. Levou os israelitas para viver no Egito, o que se deu com tranqüilidade e fartura por quase 400 anos. - Escravidão: A descendência de Abraão permaneceu em "terra estrangeira" durante 430 anos. No Egito, mortos José e os homens de seu tempo, levantou-se um rei que, por medo dos israelitas, estabeleceu a escravidão para eles, durante um período que durou 80 anos ou mais. Esse rei, Ramsés II (1301 1234), o maior construtor da história do Egito, transformou os israelitas em operários escravos e submeteu-os a trabalhos forçados, porque eles haviam se tornado muito numerosos e fortes. Depois, querendo reduzir o número dos hebreus no Egito, o faraó ordenou às parteiras hebréias que matassem todos os meninos após o nascimento. Como não adiantasse, obrigou seu povo a jogar no rio os meninos recém-nascidos para que se afogassem. Começa a história de Moisés. Moisés É a figura mais majestosa do Antigo Testamento. Grande líder e legislador. Seu papel foi tão importante que o Pentateuco também é conhecido como Os Cinco Livros de Moisés. Trouxe a primeira Revelação de Deus aos homens, nas tábuas dos Dez Mandamentos. Fatos mais importantes da vida do missionário: A morte do egípcio A fuga para o deserto de Sinai A revelação de Deus sobre sua missão O retorno ao Egito A luta para convencer o faráo As dez pragas No deserto Os Dez Mandamentos Do Sinai a Cades A morte de Moisés A lei civil de Moisés foi estruturada ao longo dos anos, tendo como base a justiça de Deus. Era um código político, social e familiar, com um espírito progressista, bem adiante de sua época. Abaixo um resumo dos pontos mais importantes: Monoteísmo um Deus único, poderoso, justo, bom e soberano sobre todas as coisas. Proibição do exercício arbitrário do poder. Mesmo um rei deve temer a Deus e seguir a Lei. Estabelece juízes e escribas em cada cidade. A justiça deve ser administrada de forma imparcial para ricos e pobres Não perverter o direito, não fazer acepção de pessoas, não aceitar subornos, pois "o suborno cega os olhos dos sábios e falseia a causa dos justos". Proteção aos necessitados e desvalidos, a escravos fugitivos, devedores, servos, assalariados, órfãos, viúvas e forasteiros. Respeito às mulheres. Difamação é crime. As práticas do comércio devem ser honestas. Devem ser isentos do serviço militar os que, recentemente tenham casado, plantado vinha, construído casa. Respeito e preservação dos animais: o boi sem focinheira enquanto estiver amassando o grão na eira e poupar a ave-mãe se forem colhidos ovos do ninho. O Pentateuco Os Cinco Livros (Pentateuco) resumem de forma épica a história do povo hebreu e, conseqüentemente, a origem do Cristianismo: Gênesis: A Gênesis trata da origem da Criação e do próprio mundo terreno. Nele, há uma narrativa simbólica onde todas as fases do aparecimento do Universo e do planeta Terra são descritas com relativa precisão. No estudo da Codificação Espírita, voltaremos a nos ocupar desse assunto, examinando o livro preparado por Allan Kardec, também denominado "A Gênese", que trata o tema em profundidade. Êxodo: O livro Êxodo conta os principais episódios ligados à libertação do povo hebreu, escravo no antigo Egito durante cerca de quatrocentos anos. Esta liberdade teria sido conseguida através do trabalho missionário de Moisés, narrado em detalhes pela história bíblica. Levítico: O Levítico é o livro que contém as instruções que eram destinadas à orientação dos cultos entre os seguidores do Legislador hebreu e a Divindade. Orientava as obrigações e rituais religiosos da época. Números: O livro Números apresenta parte da história da movimentação dos hebreus no deserto em direção à Canaã, a terra prometida. Nele, existe ainda a realização de um censo, feito com a finalidade de se saber quantas pessoas empreenderam a histórica viagem, depois que Moisés as libertou do Egito. Deuteronômio: O Deuteronômio apresenta um código de leis promulgadas por Moisés, destinadas a reorganizar a vida social do seu povo. É neste livro que se encontra a proibição dos contatos mediúnicos com os "mortos". A lei mosaica proibia essas atividades, porque as evocações fúteis, comuns entre os egípcios, também eram praticadas pelos hebreus de forma fanática e irresponsável. A prática tinha se vulgarizado e se tornado em motivo de graves problemas entre eles. A proibição foi uma medida disciplinar do legislador. Fim Bibliografia Compilação: Wander Romero Introdução Bíblica Norman Geisler e William Nix Editora Vida, 1997 Quem é Quem no Antigo Testamento Joan Comay, Imago Editora, 1998 Fim